Monday, March 23, 2009

This is England


this is england - directed by shane meadows

este post marca uma nova etapa, paralela às flores, na varanda selvagem e, espero eu, o princípio de muitos novos comentários a filmes, séries, e livros que vou vendo e lendo aqui-e-ali. já faz tempo que estes são 2 dos meus temas preferidos, muito anteriores à jardinagem, mas só agora me sinto com força para falar regularmente sobre eles! pelo menos assim o espero...
claro que já vi muitos filmes e li bastantes livros, mas é difícil recordá-los ao ponto de escrever sobre eles sem os rever ou reler; por isso mesmo optei por só o fazer quando uma dessas condições se tornar re-efectiva, mas mais no caso dos filmes, porque os livros são mais fáceis de recordar acho eu...
outra coisa a ter em conta é o facto de eu dar 99% de primazia aos realizadores e apenas 1% aos actores! e mesmo assim porque há alguns actores fetiche que só entram em determinados tipos de filme... é isso mesmo, para mim um par de caras bonitas estão muito longe do que eu considero cinema, bem como os efeitos-especiais os cenários o guarda-roupa são apenas vistos como parte integrante de uma história e nunca(!) a estória em si...
para mim é da dupla realizador-argumento que nasce o cinema, o resto só me interessa se ao serviço dess dupla.
após estas pequenas-longas considerações, vamos então a isso:

this is england - directed by shane meadows

é sem dúvida um belo filme, dum realizador que até agora me era um estranho embora o nome me diga qualquer coisa, mas não sei bem de onde. bem realizado, com tudo no sítio e uma banda sonora bem apropriada ao tema; peca talvez por ter um pouco de ritmo a menos e lhe faltar algum efeito surpresa...
conta-nos a estória de um miúdo recém-chegado a um subúrbio de uma qualquer cidade inglesa, um desses de onde saíram muitas das grandes bandas punks dos anos 80 nas terras da dama-de-ferro. sem amigos, com o pai morto nas falklands, sem grandes recursos financeiros é um alvo fácil da chacota na escola (onde todos o gozam pelas roupas datadas) o seu dia-a-dia é um pesadelo. como todos os rapazes quer fazer parte de algum grupo, no fundo quer-se sentir de algum modo integrado, compreendido e aceite pelo que é.
sem ninguém que goste dele, além da compreensiva mãe, anda desanimado pelas ruas até que um dia choca com um bando de pseudo-skinheads que acabam por ver nele a tristeza e lhe estendem uma mão, que o fazem sentir-se alguém...
é o início de uma trajectória em direcção ao racismo e xenofobia, mas no fundo eles são skins por opção estética, uma moda desses tempos, em que as doc martens e o cabelo rapado assumiam o papel principal.
revoltado com a morte incompreendida do pai em nome de um ideal intangível ele entra no esquema sem perceber realmente o que ele significa, até a quase morte de um dos seus amigos negro, o despertar para a loucura em que estava envolvido...
a guerra ou a violência em nome de ideais são coisas repugnantes, mas parecem cada vez mais comuns nos nossos dias, agravadas pela crise social que vivemos são uma desculpa fácil e demagógica para os nossos problemas!
um tema pesado, mas tratado com alguma ligeireza, onde falta, talvez, um pouco mais de envolvência sentimental e desenvolvimento do carácter dos personagens, mas mesmo assim bem conseguido. um bom retrato de época, a ver sem reservas

a minha classificação: 7,5 em 10

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