Wednesday, April 29, 2009

os livros da minha vida - primeiros tempos


tenho andado um pouco ausente. entediado mesmo. sem grande vontade para escrever no blog, ou mesmo para andar a ler outros. é certo que lhes dou uma vista de olhos, mas falta-me a energia para os ver-com-olhos-de-ver. e ainda menos para os comentar... se calhar até é melhor assim porque nestas alturas parece que tenho o dom de propagar a melancolia. a minha melancolia...
deste modo, e apesar de haver flores novas na varanda, decidi-me por fazer este post que já andava a magicar à uns tempos. para não ser massacrante vai ser dividido por fases-etapas e, espero eu, me possa reavivar a memória. e a vontade!
como já devem ter notado os livros são uma das minhas paixões, a par dos filmes e das flores (bem mais recente esta última); mas nem sempre foi assim, pelo menos ao nível dos romances...
agora um enquadramento histórico para mais tarde recordar, antes que a minha memória se dilua nos confíns do tempo:
como todas as crianças comecei pelas bandas-desenhadas, petzis, patinhas e companhia. livros só com letras ficaram para mais tarde. muito mais tarde... claro que os patinhas são algo limitados e rapidamente, visto desta longa distância, passei para os major alvegas, que alguns certamente recordarão também. mas já faz tanto tanto tempo que já nem contam! a partir daí o meu interesse derivou para os livros porquê? e como funciona? e livros de civilizações antigas cheios de ilustrações e esquemas. pois é enchi a minha pequenina cabecinha de pré-adolescente com estas coisas e mais alguns asterix e lucky lukes. não havia muita coisa nesses tempos e depressa coloquei a leitura de lado para me dedicar às brincadeiras com os meus vizinhos-amigos-colegas!
mas o bichinho estava lá, escondido mas estava lá. e graças às colecções do meu irmão voltei à leitura através da genial enid blyton: primeiro os cinco e depois todos os outros. devorei as colecções completas e sonhei viver aquelas aventuras todas. era já a magia da leitura a funcionar...
rapidamente fiquei sem nada de interesse, ou melhor, que me interessasse para ler. e isto durou alguns anos penso eu de que. até que a minha compreenção atingisse outro tema sobre o qual o meu interesse era crescente: o espaço. obviamente o caminho a seguir era a ficção-científica e também tinha uma bela colecção à minha espera sobre o tema. com a minha sorte a funcionar em pleno acho que agarrei então um livro qualquer desse mestre, robert heinlein, e a minha curiosidade nunca mais parou de crescer. li tudo o que tinha, dezenas e dezenas de livros da europa-américa, argonauta e depois da caminho, tratando evidentemente de completar a lista com novas aquisições. as minhas primeiras compras em termos de livros. foi um periodo de leitura compulsiva, mas também ele se esgotou, mais ou menos...
só quando li os tolkien voltei a um ritmo que ainda hoje mantenho, com altos-e-baixos, mas sempre a somar. o hobbit e depois o senhor dos aneis, devia ter uns 14 ou 15 anos. são livros magníficos, a anos-luz dos miseráveis filmes neles baseados claro. ainda hoje me pergunto como foi possível fazer um tão astronómico lixo com aqueles contos-negros fabulosos que agarram qualquer leitor!
depois vieram as brumas de avalon, outra estória magnífica que aconselho vivamente a ler, mesmo que sejam mais próprios para a juventude, a abrir caminho para outras leituras mais exigentes, como o espantoso stalker e o visionário isaac asimov. claro que houve outros: j.g. balard, philip jose farmer, harry harrison, etc etc etc. ainda hoje gosto de ler ocasionalmente...
e ainda outros, outras escritas achadas por acaso na biblioteca da escola, como o a oeste do eden por exemplo, mas a minha memória já não atinge tão grandes distâncias como nos antigamentes ;P
para acabar fica o autor que inicía uma nova fase, a fase dos romances propriamente dita, com a sua escrita triste e meditativa, com os seus temas sérios levados ao extremo dos sentimentos, com os seus pontos-de-vista tão diferentes de um adolescente, mas de que maneira cativante: milan kundera. para mim foi o verdadeiro início de uma maravilhosa viagem-aventura que não mais parou! mas esta é uma viagem que fica para outros posts...
[para quem estava sem vontade fiz um verdadeiro testamento, não foi?! acho que é o poder das letras a falar mais alto...]
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Thursday, April 23, 2009

campos do lis - fields of lis river



na continuação do nosso passeio na praia da vieira, acabamos por ter de voltar a casa. para quem conhece o lado-de-lá vai ser fácil reconhecer estes pinheiros que marcam a entrada do caminho de acesso à praia deserta. por muitas vezes fiz este caminho a pé, quando era mais jovem, e era uma verdadeira tortura na altura, para chegar às afamadas moelas do bar que eram sem dúvida alguma as melhores que já tive a oportunidade de provar ;P

mas desta vez a deslocação era feita de carro e o destino era outro: vir pela estrada do campo, também ela palco de tantas viagens nocturnas em tempos de inconsciência juvenil após noites de excessos nos bares da praia. esses tempos já lá vão mas a estrada parece ainda parada no tempo...
como se vê o tempo estava propício para belas fotos, com estas núvens e estas cores da primavera para as compôr em grande estilo, mas como a hora já era tardia e a luz já começava a escassear, elas infelizmente não estão a fazer juz aos quadros que se dispunham perante os nossos olhos.


mesmo assim, e com alguma ajuda digital, acho que dá para ter uma ideia da beleza pacífica do local! com o avanço da idade passamos a ver as paisagens de sempre com outros olhos; são os mesmo lugares mas há algo neles que nos toca a alma de maneira diferente. talvez seja a calma com que nos dispomos a viajar, talvez seja o saudosismo de tantas aventuras, de ir à fruta de ir passear de motita, de ir aproveitar o verão quando a vida se resumia a isso mesmo...
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Tuesday, April 21, 2009

rosas - roses

as minhas primeira rosas da temporada começaram a aparecer. para já fazem juz ao nome e são rosas cor-de-rosa como mandam as leis!
gosto muito destas primeiras que mostro e que são minis como dá para ver na foto. como sempre sofrem grandes ataques de aranhiços-vermelhos e diz-me a experiência que estes só se vão mesmo embora quando ficar sem folhas....


esta foi uma das que roubei no jardim da mamã, mas no meio de tantas bonitas saiu-me esta meia feiosa. não se deixem enganar pela foto, só é formosa enquanto não abrir o botão, depois ficaa com ar de papel velho! de qualquer maneira, feias ou bonitas eu dou tratamento vip a todas ;)



como ainda só tenho estas duas com flor por agora, passo a mostrar uns close-ups só para encher o post de mais das mesmas cores...
pena é que não possam cheirá-la, porque é divinal. isto claro se nao ficarem com a narigueta cheia de micro-teias de aranha!
é a mesma também de mais perto :( mal posso esperar por ver as outras estacas que andei a plantar por todo o lado: pode ser que haja alguma mais bonita, o que não é difícil, para mostrar da próxima vez! já a framboesa atrás da rosa está bem bonita e carregada de florezinhas, o que é sem dúvida uma boa notícia: mesmo que saibam um pouco a perfume em demasia são frutos deliciosos para o meu paladar ;P (já estou a salivar com a espera)
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Sunday, April 19, 2009

a varanda da rua - the street balcony


até agora, como sabem meus amigos, tenho vindo a mostrar muitas fotografias da varanda-selva, mas sempre vistas de dentro. assim não é de estranhar, dada a minha tendência para o coleccionismo, que este exíguo espaço pareça, como na realidade está, uma reserva natural invadida pelo verde...
agora pela primeira vez, sim porque há uma primeira vez para tudo, mostro aqui uma perspectiva diferente do nosso jardim: uma perspectiva tirada da rua que passa lá em baixo. vista assim a varanda já não é tão selvagem, foi preciso esperar e esperar mais que as plantinhas crescessem, para ocuparem uma posição relevantemente visível neste prédio nu de verdes!

como o meu zoom é digital, as fotos não são esclarecedoras, mas que posso eu fazer? se deixo ficar não passa de uma miniatura distante de um micro jardim citadino; se ampliar mais fica tudo aos quadradinhos, malditos pixeis!



quem será este? quem conhece não pode deixar de reparar na cabeça inclinada para um lado;) e parece estar a tirar fotografias à socapa! pois é por momentos fiquei confundido, mas não deixava de ser uma selva também, só que uma selva de paralelos brancos...
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Saturday, April 18, 2009

prémio sair das palavras

a pouco e pouco a varanda selvagem vai recebendo estes pequenos prémios, neste caso oferta do nélio e do sair das palavras. e apouco e pouco, com algumas semanas de atraso lá os vou buscar para embelezar o blog. apesar de demorar gosto muito de os receber, e ao visitar os meus blogs favoritos apercebo-me da nossa pequena comunidade de amantes da natureza e não só! após um início por vezes titubiante e outras fervoroso estes selos são um reconhecimento de todos quanto gosam de nos ler e de todos quantos gostaamos de visitar, mesmo que virtualmente: quantas viagens não fazemos na blogosfera por esse mundo fora, e mesmo em portugal quantos magníficos locais distantes, como a madeira do nélio que nos faz sonhar com passeios inesqueciveis por essa portentosa paisagem de cortar a respiração, ou com os assuntos pertinentes do nosso portugal no sair das palavras...
obrigado a todos por estas lembranças, a varanda agradece estas viagens de alma-e-coração!!!

uma tarde na praia - afternoon at the beach




no fim-de-semana passado fomos passear até à praia da vieira. um passeio curto de apenas 10km, mas ainda assim um passeio não é?
o dia estava algo invernoso, apesar das fotografias sugerirem o contrário, e o vento soprava gélido e intenso...
no lado-de-lá, palco de outras noites noutros tempos, os tempos em que ainda existia o bar com o mesmo nome, encontrámos grandes mudanças, com estes caminhos a serpentear por entre as dunas: não era só um?!
o bar, esse, há muito que não passa de uma miragem, um eco dum passado já muito distante...


já na praia, ainda com os detritos típicos do inverno, o ambiente era austero e o mar mostrava a força das marés-vivas. este lado sempre foi muito perigoso para ir a banhos, com grandes fundões e canas-de-água fortíssimas mas estas últimas felizmente bem visíveis!
os únicos que cirandavam por aqui eram uma meia-dúzia de pescadores corajosos...


assim lá fomos caminhando para norte, mas com o frio a atacar nas nossas pobres orelhas lá acabamos por voltar para trás pelo mesmo caminho, apenas uns metros ao lado do nosso rasto de pegadas. com tanto vento e tão poucas pessoas foi como esquiar pela neve virgem das pistas acabadas de abrir ;P


como o photoshop faz milagres, dei-me ao luxo de tentar iludir os visitantes com um assombroso céu azul de puro verão, mas o mar e os paus não deixam margem para dúvidas, pelo menos para os que frequentam estas paragens!


já era hora de vir embora, apenas algum tempo para tirar mais umas fotos das dunas e dos apetrechos para as segurar no seu lugar. parece incrível que estas rudimentares sebes possam cumprir essa função, e para mais assim isoladas e descuidadas, mas é assim portugal...
se funcionam ou não, não faço ideia, mas pelo menos ficam bem nas fotografias, não acham?

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Wednesday, April 8, 2009

abril na varanda - april on balcony

há já algum tempo que não mostrava aqui a varanda. estas fotografias são uma compilação das últimas semanas, só para se ver como a primavera já chegou em força a este cantinho perdido...
it was a long while without pictures from the bolcony. this are a compilation of pics from the laste few weeks, just to see how spring has arrived with full strenght at this lost corner...
este é o cantinho selvagem que aparece sempre ao fundo das panorâmicas e a zona dos cactos
this is the wild corner that's always shown in the back of the panoramic pictures and from the cactu's zone



estas são as vistas da cozinha e da janela da sala
views from the kitchen and living-room windows



e para acabar os raios de sol ao fim da tarde sobre a fuschia que não para de crescer, indomavelmente selvagem!
and for the ending the late afternoon sunrays over the never ending growing fuschia, indomitable wild!
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the painted veil - john curran

the painted veil [2006] - john curran

eis um filme de um realizador que desconhecia, mas feito com alguma mestria. trata-se da estória de um casal, de um casamento de conveniência, em que ele, sabendo do interesse, apesar de tudo a ama. e acredita que esse amor, e por força dele, se poderá tornar correspondido.
toda a acção decorre numa maravilhosa e remota região da china colonial, numa época em que a revolução cultural já se assumava no horizonte.
ele é um bacteriologista com formação em medicina que pretende ajudar, sem qualquer intenção política extra, uma população pobre e fustigada pelas epidemias inerentes a essa pobreza, sem qualquer noção do que são realmente as doenças: vivem num mundo de crenças e tradições...
mas uma vez na china, a sua mulher envolve-se num amor impossível com uma importante figura política do regime colonial inglês. um duro golpe no seu amor incondicional por ela e que o leva a tomar medidas extremas, obrigando-a a ir para uma região interior dizimada pela cólera. pelo caminho mais longo e díficil, à laia de castigo e ao abrigo da sua desilusão...
o seu único objectivo é ir ajudar quem sofre, mas apesar de tudo cheira a vingança e é de facto uma medida drástica para a sua mulher, sobre a qual já não tem qualquer esperança.
debaixo deste manto é contudo um filme sobre o amor sem limites nem fronteiras, que só pelas magníficas paisagens já justificava o visionamento. por isso, e apesar do enredo não ser surpreendente ou original, é um belo filme e que no fim, apesar de triste, nos consegue tocar. gostei bastante, mesmo sendo algo batido, estilo paciente inglês. a ver sem dúvida alguma, quanto mais não seja pela época e região em que se passa...

a minha classificação: 8 em 10

norwegian wood - haruki murakami

norwegian wood - haruki murakami
ultimamente o meu ritmo de leitura não tem sido o melhor, mas este murakami tem um estilo de escrita impossível de não ser devorada rapidamente [no meu caso pelo menos]. é um romance em tom muito melancólico sobre a passagem a adulto de um adolescente, com todos os problemas inerentes. um jovem que não se preocupa com o que os outros pensam ou esperam dele, o que deve ser algo raro num país como o japão, com poucos amigos [na verdade eram só dois] e que se vê numa situação limite quando um deles comete suicídio aos 17 anos, quando nada o faria prever. a partir desse momento a sua única companhia passa a ser a ex-namorada desse amigo, kizuki, com a qual passa a empreender deambulações silenciosas pelas ruas de tóquio...
é sem dúvida um livro triste e que explora os sentimentos de um já não adolescente e ainda não adulto, com todos os problemas e dúvidas que isso suscita na sua cabeça, que trata dos seus amores platónicos e hesitações filosóficas num fim-do-mundo sem sentido já anunciado e da sua luta por compreender esses sentimentos. e em que a dúvida-hesitação-dever amoroso se divide entre duas raparigas, a ex do amigo e uma outra que aparece vinda do nada e pela qual se apaixona sem se aperceber. e sem se conseguir decidir.
em jeito de conclusão é um triste-belo romance que, como é próprio de murakami, gira todo em volta dos sentimentos interiores dos seus poucos personagens. não o achei tão bom como o kafka à beira-mar, talvez por a viagem ser quase puramente interior, mas que mesmo assim me tocou bastante na sua tristeza...

a minha classificação: 8 em 10

Thursday, April 2, 2009

kissing flowers: part one

recentemente um passarinho disse-me ao ouvido que eu estou sempre a tirar fotografias às flores, que eu passo demasiado tempo com elas. mas que posso eu fazer se elas me estão sempre a chamar?!
a little bird told me recently at my hear that i'm always taking shots of my flowers, that i spent too much time with them. but what can i do, if they are always calling me?!

umas poucas novas, outras de sempre presentes, umas sempre em flor e outras só às vezes...
some few new, others always present, some always blooming and others only sometimes...


que culpa tenho eu se elas têm sempre novos mimos para me oferecer, novas flores para nos brindarem? às vezes duram tão pouco tempo que o melhor mesmo é não perder a oportunidade, agarrar na máquina para mais tarde recordar...
is it my fault if they are always sending me new kisses, if they have always new bloomings for our deleight? sometimes they vanish so fast that it's better not miss the chance, grab the camera for a later memory...


umas desaparecidas em combate e outras recentemente apresentadas, mas mesmo assim uns dias mais velhas;

a few perish in combat and others recently presented, but even so a couple of days older

nesta varanda limitada é claro que são sempre as mesmas, mas com outros olhos, olhos de apaixonado-amador que procuram sempre outras novas perspectivas, outros novos olhares!

at this limited balcony of course they are always the same, but seen with new eyes, inloved-amatour eyes that are always looking for some new perspectives, with other new sights!

umas de estacas outras de sementes e outras que nascem por acaso, seguindo os ditames da mãe natureza, aparecem vindas do nada e às vezes até mudam de cor!

some grown from cuttings and other randomly born, following mother nature orders, they come from nothing and sometimes they even change colour!

podem ser repetidas, clones de clones de clones, mas são bonitas à mesma, e alegram-me o coração!assim como são e assim sendo,
they can be a repetition, clones form clones, but even so they are beautiful, and cheer my heart! and being like that,


ninguém me pode levar a mal, pois não?!
no one will be angry at me, isn't that so?!



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